As diferentes cores que rodeiam o nosso cotidiano têm uma forte influência na vida das pessoas, pois são elas que caracterizam aspectos como decoração, códigos de comunicação, vestimenta e diversos outros fatores que são reflexo da personalidade de cada um. Mas você já parou para pensar na ciência envolvida nessas cores? É a química! É interessante conhecer um pouco mais sobre essa interface, uma vez que são processos químicos que permitem que tenhamos uma variedade tão grande de cores caracterizando nosso dia-a-dia.
Você provavelmente já ouviu as palavras pigmento e corante associadas a processos de coloração e, até mesmo, chegou a pensar que são a mesma coisa, mas, na verdade, eles têm aplicações bem distintas. Corantes são substâncias que se solubilizam nas matrizes nas quais são inseridos. Por exemplo, ao colocar um corante em água, dependendo de sua estrutura química, ele será dissolvido. Em contrapartida, os pigmentos não são solúveis e promovem a pintura de superfícies por processos de dispersão. Isso significa que as partículas de pigmento ficam “espalhadas” por toda a matriz.
Os pigmentos são encontrados em diversas formas e classificações e são eles os utilizados para a fabricação de tintas. As tintas são compotas por uma matriz específica, geralmente insolúvel em água, e pensadas para a superfície nas quais vai ser aplicada, com adição de pigmento, que confere a cor à mistura. Por isso os fabricantes fazem um apelo tão grande para homogeneização antes da aplicação. Outro exemplo interessante é a tinta guache, que quando fica muito tempo parada e guardada cria algumas camadas mais opacas e outras com cor mais viva no pote. Isso ocorre devido ao acúmulo de partículas do pigmento em determinada região da tinta.
Para fabricação de tintas, usou-se por muitos anos compostos inorgânicos como chumbo, sais de cobalto, entre outros. Entretanto, com o passar dos anos, passou-se a desenvolver tintas para diferentes aplicações, inclusive a pele humana, o que demandou atualizações quanto às matérias-primas. Afinal, as tintas utilizadas em telas e superfícies à base de celulose não aderem da mesma forma em paredes ou à pele, por exemplo.
Os pigmentos podem ser de origem vegetal, para aplicações mais simples, ou podem ser fruto de processos industriais complexos. Diversos pigmentos de origem natural auxiliaram no registro da história da humanidade. As tintas das pinturas rupestres eram produto da mistura de plantas, carvão e sangue animal. Um dos pigmentos de origem natural mais difundidos no Brasil é o urucum, utilizado como como tempero em muitas casas. Mas antes disso, o pigmento era utilizado por tribos indígenas para pinturas corporais características da cultura. Vale lembrar que, nas civilizações antigas, os pigmentos eram amplamente comercializados em transações de grande importância.
Como abordado, as cores têm um forte impacto na sociedade humana desde os primórdios da história. Atualmente, esse impacto tem um viés social e psicológico bem marcante, o que faz com que as ferramentas para inserir as cores no cotidiano sejam continuamente estudadas e desenvolvidas. Mais uma vez a química pode ser aplicada a nosso favor para deixar nossos dias cada vez mais alegres e coloridos.